segunda-feira, 30 de março de 2009

28 de março dia Nacional da Juventude

O 28 de Março, Dia Nacional da Juventude, está ligado à luta da juventude por uma vida melhor. Foi nesse dia que, em 1947, milhares de jovens participaram no acampamento organizado pelo MUD Juvenil em São Pedro de Moel.
Exigiram democracia e liberdade e tiveram como resposta a violência, a repressão e a prisão por parte do regime fascista. Desde então, o dia 28 de Março passou a ser um símbolo da luta da juventude .
A juventude representa uma força social de desenvolvimento e progresso. É necessário respeitar, potenciar e valorizar essa força e compreender a juventude como uma camada social que tem um papel importante no presente.

sexta-feira, 27 de março de 2009

quarta-feira, 11 de março de 2009

As mulheres da minha terra e a Reforma Agrária




As mulheres da minha terra

Em homenagem a todas as mulheres que ao longo dos anos lutaram (em particular aquelas que antes do 25 de Abril sem desfalecimentos e com determinação enfrentaram os agrários e as forças fascistas) para que hoje seja possível viver em liberdade e democracia e reflectir sobre aquele tempo de miséria e opressão, continuando a lutar contras as políticas “socráticas socialistas” que hoje nos empurram para situações quase iguais, ás que se passavam naquele tempo.
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Aqui fica o relato, na primeira pessoa de um de muitos episódios dessa luta, das mulheres do Couço nos anos 60, que nos é descrito por Maria Rosa Viseu, Operária Agrícola e militante do PCP.
«Naquele tempo trabalhávamos de sol a sol. Saiamos de casa de noite, entrávamos em casa de noite.Outras vezes trabalhávamos de empreitada. Chegávamos ao trabalho os manageiros talhavam as empreitadas, quando as acabávamos íamos para casa. O patrão para quem nós trabalhávamos, não deixava o manageiro talhar as empreitadas, era ele que as talhava. Talhava-as muito grandes que nós quase nunca as acabávamos. Era ele que ia sempre despegar-nos do trabalho. Começámos a ver que o patrão nos queria enganar.Nenhuma de nós tinha relógio. Começamos a guiar-nos pela camioneta da carreira, que passava sempre às 5 h da tarde, era branca, toda branca, pensámos que não podíamos trabalhar mais tempo. Uma das mulheres sobe ao cabeço, vê passar a camioneta e diz para as companheiras: - a noiva já lá vai.Uma delas, mais idosa, pergunta ao manageiro: - então não nos despega? Olhe que já são horas!– Não tenho ordens para as despegar!- Ah não? Pois então despegamo – “se” a gente.Ela saltou de dentro do canteiro do arroz para o “combro” (parede de suporte de terreno em socalco) e 70 mulheres fizeram o mesmo e viemos para casa.No outro dia, ao nascer do sol, lá estava o patrão e nós negociamos com ele. Se não nos viesse despegar a horas, não trabalhávamos mais. O arroz estava cravadinho de erva. O patrão, como precisava da gente, concordou.Foi sempre assim, tínhamos de lutar por tudo, até para ter a cozinha à sombra. O patrão queria que a cozinha ficasse o mais perto do trabalho, para não perdermos tempo no caminho. Não se importava que comêssemos ao sol ou à sombra.Sofremos muito!»

sábado, 7 de março de 2009

Madalena Henriques


Homenagem ás mulheres da minha terra

Hoje dia 7 de Março de 2009, um dia após, mais um aniversário da fundação do Partido Comunista Português, e na vespera do dia Internacional da mulher.Quero homenagear as mulheres da minha terra, o Couço.
Até 1962, a repressão fascista em Portugal, submeteu à tortura sobretudo homens.
A partir de 1962, a PIDE passou a torturar sistematicamente todos os presos fossem homens ou mulheres.
Em Abril, há precisamente 45 anos, confrontados com a firmeza na luta das camponesas da aldeia do Couço, e incapazes de estrairem qualquer tipo de informações a estas mulheres, os PIDEs inaugoraram um novo patamar na tortura em Portugal.
Que os nomes dessas mulheres sejam lembrados, porque para "ter tomates" não é preciso ter nascido homem.
Maria Galveias operária agrícola do Couço, raptada pela PIDE em Abril de1962, 11dias de tortura do sono ininterruptos, com estátua e espancamentos.
Madalena Henriques, (na fotografia) operária agrícola do Couço, raptada pela PIDE em Abril de 1962, sessenta e seis horas de pé sem dormir, espancamentos vários que culminaram com lesões permanentes na face.
Maria da Conceição Figueiredo, raptada pela PIDE em Abril de1962, operaria agrícola do Couço e militante do PCP. Espancada e sujeira a quinhentas e sessenta horas de tortura do sono.
Custódia Chibante, operária agrícola do Couço, raptada pela PIDE em Abril de1962. Espancada consecutivamente com bastões durante duas semanas antes de ser internada no hospital de Caxias incapaz de andar e de comer
Olímpia Brás, operária agrícola do Couço e militante do PCP, raptada pela PIDE em Abril de1962. Espancada durante uma semana por vinte agentes, submetida à tortura da estátua, à tortura do sono e humilhação sexual (obrigada a despir-se e espancada nos seios com cassetete.)

Olímpia. Uma Mulher do Couço.


PCP, 1921 - 2009, tantos anos, tantas lutas

Na sequência das eleições para a Assembleia Nacional de 1961, e das agitações do ano seguinte foi presa Olímpia Brás a 27 de Abril de 1962.
Nesse mesmo dia a P.I.D.E levaria mais dez homens e uma outra mulher do Couço."... entrei para a carrinha e levaram-me para a outra ponta da aldeia [Couço]. O que eu vi quando ali cheguei era uma autêntica caravana de ciganos: tanto carro, tanto "pide", tanta Guarda, tudo à mistura com gente da aldeia que eles tinham prendido.
Nisto chegou um rapaz [António Caetano] coberto de sangue a quem tinham dado uma grande tareia lá em casa.
Uma criança de oito anos chorava, porque a mãe ia presa (...) Fomos primeiro para Coruche e depois para Caxias. Puseram-me numa sala com mais quatro mulheres do Couço..."Testemunho de Olímpia Brás.
Quando começou a namorar o futuro marido - «Ele deveria ter mais cinco anos do que eu» - descobriu que tinham os mesmos ideais. O casamento aconteceu tinha Olímpia 15 anos e ainda era "nova" quando o marido foi preso, «uns 18, 19 anos!
O meu filho nasceu quando ele estava na cadeia, eu já estava grávida de quatro meses e tive-o com grandes sacrifícios. Desde esse dia fui comunista, sou e serei, e tenho a certeza de que estou certa".Excerto de um texto sobre Olímpia Brás. Álvaro Cunhal e as Mulheres que tomaram Partido, 2006
Olímpia esteve presa durante seis meses, sem julgamento como era prática corrente, e é libertada após muitas "sessões" de tortura sádica, mesquinha e de uma brutalidade típica de regimes fascistas e repressivos. Como o que vivemos em Portugal com Salazar-Caetano.
Aquelas Mulheres do Couço
"ÁLVARO CUNHAL e AS MULHERES QUE TOMARAM PARTIDO"
Cada uma destas mulheres deu um pouco de si para mostrar o que era a vida da mulher no Partido e num Portugal fechado ao mundo durante grande parte do séc. XX.
A fotografia que fica é nítida, apesar de muitas vezes ter-lhs sido difícil relembrar factos que um dia abalaram a sua vida."No primeiro capítulo do livro "Aquelas Mulheres do Couço" o jornalista escreve: «única terra portuguesa a quem o presidente da Repúblca Jorge Sampaio outorgara a Ordem da Liberdade há seis anos e onde fora entretanto erigido um monumento à "Luta do Povo do Couço", feito de quatro espirais de pedra que se unem no topo, representando cada uma delas mais de 40 anos de prisão e mais de 40 horas de tortura, para que a população pudesse dizer "lutámos para que fosse possível o 25 de Abril"»Este é um livro com vários retratos de Mulheres, que viveram as lutas e sobreviveram a uma ditadura feroz , elaborado através de um trabalho minucioso de entrevistas e recolhas.
Do Couço constam:Ortelinda.Olímpia.Maria.Narcisa.

quarta-feira, 4 de março de 2009

8 Março - Mulheres de Abril no Século XXI

Dia Internacional das Mulheres

No dia 8 de março de 1857, operárias têxteis de uma fábrica de Nova Iorque entraram em greve ocupando a fábrica, como reinvidicação pela diminuição da carga horária diária de trabalho, de 16h para 10h.
Estas operárias - que recebiam menos de um terço do salário dos homens - foram fechadas na fábrica onde iniciou-se um incêndio. Cerca de 130 mulheres morreram queimadas.
Em 1903, profissionais liberais norte-americanas criaram a Women"s Trade Union League, associação que tinha como principal objetivo ajudar todas as trabalhadoras a exigirem melhores condições de trabalho.
Cinco anos depois, mais de 14 mil mulheres marcharam nas ruas de Nova Iorque protestando pelo mesmo motivo das operárias no ano de 1857, além de reinvidicarem o direito de voto. Caminhavam sob o slogan Pão e Rosas, em que o pão simbolizava a estabilidade econômica e as rosas uma melhor qualidade de vida.
Na Conferência Internacional de Mulheres realizada na Dinamarca em 1910, ficou decidido, em homenagem àquelas mulheres, comemorar o 8 de março como Dia Internacional da Mulher.
Esta data, porém, só foi reconhecida pela Organização das Nações Unidas em 1975.

Mulheres

Elas sorriem quando querem gritar.
Elas cantam quando querem chorar.
Elas choram quando estão felizes.
E riem quando estão nervosas.
Elas brigam por aquilo que acreditam.
Elas levantam-se para injustiça.
Elas não levam "não" como resposta quando acreditam que existe melhor solução.
Elas andam sem novos sapatos para suas crianças poder tê-los.
Elas vão ao medico com uma amiga assustada.
Elas amam incondicionalmente.
Elas choram quando suas crianças adoecem e se alegram quando suas crianças ganham prêmios.
Elas ficam contentes quando ouvem sobre um aniversario ou um novo casamento.
Pablo Neruda