domingo, 21 de novembro de 2010

Peniche - Sobre a Fuga de 61

Até sempre Camarada

Segundo um comunicado do PCP, Joaquim Gomes era "um dos mais destacados dirigentes comunistas da história" do partido, que "dedicou toda a sua vida à luta da classe operária, dos trabalhadores e do povo português".

O corpo de Joaquim Gomes estará em câmara ardente durante o dia de hoje, na casa mortuária da Igreja de São Francisco de Assis, em Lisboa, realizando-se o funeral no domingo, pelas 13h00, para o cemitério do Alto de São João, onde o corpo será cremado pelas 14h00.

Natural da Marinha Grande, Joaquim Gomes nasceu a 04 de Março de 1917 e "com apenas seis anos" tornou-se operário aprendiz na indústria vidreira, refere o comunicado.

Na década de 1930 ingressa no PCP e lidera "as primeiras lutas dos aprendizes por reivindicações salariais e contra o trabalho violento e as arbitrariedades do patronato", tendo sido preso pela primeira vez aos 16 anos.

Joaquim Gomes passou à clandestinidade em 1952 e cinco anos mais tarde tornou-se membro efectivo do comité central.

"Foi preso por três vezes pela PIDE e por duas vezes fugiu da cadeia. Uma das suas fugas foi a célebre fuga de Peniche, com Álvaro Cunhal, Jaime Serra, Carlos Costa e outros destacados militantes do Partido", refere o comunicado.

Depois do 25 de Abril Joaquim Gomes exerceu vários cargos dentro do Partido Comunista, até ao fim da sua vida, tendo sido deputado eleito pelo distrito de Leiria entre 1976 e 1987.

"Modesto e discreto, Joaquim Gomes deixa-nos recordações de uma vida de dedicação e de exemplo da resistência ao fascismo, de luta pela liberdade, a democracia e o socialismo. Lega-nos um exemplo de coragem e abnegação revolucionária, reveladoras da vontade e firmeza inquebrantável na luta ao serviço da classe operária, do povo e da pátria", afirma o secretariado do comité central.

PCP: Joaquim Gomes morreu hoje aos 93 anos

PCP: Joaquim Gomes morreu hoje aos 93 anos

domingo, 7 de novembro de 2010

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

No COUÇO, a REPÚBLICA nasceu mais cedo- 28 de Agosto de 1910

No tumulto que atravessava o país, no Couço, a República foi implantada a 28 de Agosto de 1910 e antecipavam-se assim os acontecimentos do 5 de Outubro. Nesse dia 44 homens coucenses foram até Coruche entregar a bandeira da monarquia e tendo de imediato constituído a primeira Comissão Paroquial Republicana, segundo Diniz Caiado (professor primário da aldeia e republicano) no seu opúsculo de 1928 " In Memoriam -Couço".

Conforme acta comemorativa de 28 de Agosto de 1911, um ano após os factos, narram-se assim os acontecimentos:



"... o presidente propos se tratasse na acta um voto de saudação aos bravos republicanos do Couço que no dia 28 de Agosto de mil novecentos e dez, arrostando com todas as vinganças projectadas e dias de ebolição demoliram a Bastilha feudal desta povoação, quebrando as algemas que a manietavam aos seus infames verdugos e foram a Coruche com os seus votos mostrar as correntes quebradas e dizer ao paiz em alto brado que no Couço tinha soado a hora da liberdade e por ela se estava disposto a morrer.

Quarenta e quatro homens pela Republica quando ser Republicano era um crime.

Gloria aos valentes democratas procursores da Edemptica revolução de Cinco de Outubro."



Glória aos valentes coucenses que aqui começaram um longo caminho de resistência que atravessou todo o séc. XX, de dignidade e bravura, na luta contra o fascismo.



Viva República!

Viva o 25 de Abril!

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Álvaro Cunhal e Mário Soares

No dia 13 de Junho de 2005, Portugal viu partir um dos seus melhores filhos, a classe operária, os trabalhadores portugueses ficaram sem a presença física de um dos maiores dirigentes do Movimento Comunista internacional.

Neste 5º aniversário da sua morte não quero deixar de deixar a minha homenagem e dizer-lhe onde quer que se encontre, que a luta continua.

Tive o meu primeiro contacto com o camarada Álvaro Cunhal no já longínquo dia 18 de Janeiro de 1975, nesse dia foram trasladados da Republica da Checoslováquia para Portugal e para a Marinha Grande, os restos mortais de José Gregório, vidreiro e destacado dirigente do movimento Operário e do Partido Comunista Português, falecido na clandestinidade durante o regime fascista.

Tive nos anos que se seguiram o prazer, posso também dizer o privilégio de com ele poder estar por várias ocasiões.

Em sua homenagem quero aqui deixar, parte do 1º discurso que proferiu na Marinha Grande , no dia 18 de Janeiro de 1975

“ Fiéis ao legado dos operários vidreiros que em 18 de Janeiro de 1934, pela sua acção heróica escreveram uma das mais importantes páginas da luta dos trabalhadores portugueses contra o fascismo, sucessivas gerações de marinhenses deram, com a sua luta perseverante, uma inestimável contribuição para que o povo português, derrubada a ditadura em 25 de Abril de 1974, pudesse finalmente viver em liberdade.

A classe operária e o povo da Marinha Grande pagaram um pesado tributo pelo seu espírito indomável, pela sua fidelidade à causa dos revolucionários do 18 de Janeiro, pelo seu apego à liberdade e ao socialismo.

«Marinha Grande é um nome escrito a ouro na história do movimento operário português. Melhor se pode dizer: escrito com lágrimas e sangue.

Porque a luta dos trabalhadores da Marinha Grande ao longo de 50 anos de fascismo foi paga com pesadas perdas, com perseguições, torturas, prisões, com o assassínio e a deportação de muitos dos seus melhores filhos, com séculos passados nas masmorras fascistas por muitos anos, com privações e sacrifícios silenciosos e anónimos das famílias dos militantes, educadas na mesma escola de elevada consciência de classe e incansável combatividade.

As tradições de luta do proletariado da Marinha Grande são inseparáveis da actividade dos comunistas. A classe forjou a sua vanguarda revolucionária – a vanguarda revolucionária (os comunistas) soube estar à altura da classe.”

quinta-feira, 3 de junho de 2010

PCP condena criminoso ataque de Israel

PCP condena criminoso ataque de Israel

Viva o Povo da Palestina

O ataque mortal de Israel à frota de barcos humanitários que iam em direção a Gaza chocou o mundo.

Israel, como qualquer outro Estado, tem o direito de se defender, mas isso foi um uso abusivo de força letal para defender o bloqueio vergonhoso de Israel a Gaza, onde dois terços das famílias não sabem onde encontrarão sua próxima refeição.

As Nações Unidas, a União Européia e quase todos os outros governos e organizações multilaterais têm pedido a Israel para acabar com o bloqueio, e para lançar uma profunda investigação sobre o ataque à frota. Mas sem
pressão maciça dos seus cidadãos, os líderes mundiais vão limitar sua resposta a meras palavras – como eles já fizeram tantas vezes.

Vamos gerar um clamor global tão alto, que não possa ser ignorado. Assine a petição para exigir uma
investigação independente sobre o ataque, a responsabilização dos culpados e o fim imediato do bloqueio à Gaza – clique para assinar a petição, e depois repasse essa mensagem a todos os que você conhece:

http://cdn.avaaz.org/po/gaza_flotilla_3/?vl

A petição
será entregue às Nações Unidas e aos líderes mundiais, assim que alcançarmos 200.000 nomes – e novamente a cada oportunidade à medida que a lista for crescendo e que os líderes forem reagindo à situação. Uma petição massiva em um momento de crise como esse pode demonstrar aos que estão no poder que declarações e notas à imprensa não são suficientes – que os cidadãos estão prestando atenção e demandam ações concretas.

Enquanto a União Européia decide se irá expandir suas relações comerciais com Israel, e o Obama e o Congresso Americano definem o orçamento para ajuda militar a Israel para o ano que vem, e vizinhos como a Turquia e o Egito decidem seus próximos passos diplomáticos – vamos fazer com que a voz do mundo não seja ignorada: é tempo de verdade e de responsabilizar os culpados pelos ataques aos navios, e
é tempo de Israel respeitar o direito internacional e acabar com o bloqueio a Gaza. Assine agora e passe essa mensagem adiante:

http://cdn.avaaz.org/po/gaza_flotilla_3/?vl

A maior parte das pessoas em qualquer lugar ainda compartilha o mesmo sonho: que haja dois Estados livres e viáveis, Israel e Palestina, que possam viver em paz lado a lado. Mas o bloqueio e a violência usada para defendê-lo, envenenam este sonho. Como um colunista israelense escreveu para os seus compatriotas no jornal Ha’aretz hoje,
“Nós não estamos mais defendendo Israel. Nós estamos agora defendendo o bloqueio (a Gaza). O bloqueio por si só está se tornando o Vietnam de Israel.”

Milhares de ativistas pela paz em Israel protestaram hoje contra o ataque e o bloqueio, em passeatas desde Haifa até Tel Aviv e Jerusalém – se unindo a protestos ao redor do mundo. Independente de que lado atacou primeiro ou deu o primeiro tiro (o exército Israelense insiste em dizer que não foram eles que iniciaram a violência), os líderes de Israel mandaram helicópteros armados de tropas pesadas para atacar uma frota de navios em águas internacionais, que levava remédios e ajuda humanitária para Gaza, gerando mortes desnecessárias como conseqüência.

Não podemos trazê-los de volta. Mas talvez,
juntos, nós possamos fazer deste momento trágico, um ponto de virada – se nós nos unirmos em um chamado de justiça inabalável e um sonho de paz inviolável.

O Povo da Palestina têm direito a ter o seu País

sexta-feira, 28 de maio de 2010

"Venceremos", himno de campaña de Salvador Allende

"El Pueblo Unido Jamas Sera Vencido" por Quilapayun

Amanhã dia 29 de Maio é dia de luta na rua


Hoje acordei revoltado.
Revoltado porque tenho o maior mentiroso de Portugal como 1º Ministro.
Amanhã é dia de luta na rua.
Estas duas canções Chilenas servem para dizer aos Socialistas Portugueses, que já houve no Mundo
Socialistas de verdade

domingo, 9 de maio de 2010

Rebelde faz 2 anos

"Os donos do capital vão estimular a classe trabalhadora a comprar
bens caros, casas e tecnologia, fazendo-os dever cada vez mais, até que se
torne insuportável.
O débito não pago levará os bancos à falência, que terão que ser
nacionalizados pelo Estado".

Karl Marx in "Das Kapital", 1867

Há dois anos criei este blog, em primeiro lugar para recordar o fim da segunda guerra mundial.
em segundo lugar para poder continuar a reivindicar o direito de ser REBELDE.
Nunca me passou pela cabeça que o Sistema Capitalista nestes dois anos estivesse a braços com a sua maior crise .
Crise que não tem fim à vista, bastaria neste momento histórico um grande movimento revolucionário para levar ao fim do Capitalismo.
As condições Revolucionárias estão criadas, "Quem governa não tem condições para o fazer, quem é governado já começa a não querer ser governado"
Sei que continuo a ser um sonhador, mas como o sonho comanda a vida.
A luta continua

Lev Leshenko, Лев Лещенко, Kuban Cossack Choir, Den Pobedi-День Победы ...

quinta-feira, 25 de março de 2010

sábado, 6 de março de 2010

sábado, 27 de fevereiro de 2010

No Coliseu - Venham.Mais.Cinco (José Afonso) TvRip.By.Gui.

Companheiro não esqueci a data em que partiste, apenas não tenho tido tempo para vir ao meu blog.
Onde estiveres, sabes que jamais te esquecerei
Até sempre Zeca

José Afonso - Os Vampiros (ao vivo no Coliseu)

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Nos 35 anos da Reforma Agrária A terra a quem a trabalha!

O PCP está a assinalar os 35 anos da Reforma Agrária, «acontecimento inspirador, nos dias de hoje, da necessária ruptura com a política de direita». No dia 17 Jerónimo de Sousa estará em Montemor-o-Novo a evocá-la.

A data escolhida para a evocação da Reforma Agrária não podia ser mais simbólica: a 9 de Fevereiro de 1975, o PCP realizou, em Évora, a I Conferência dos Trabalhadores Agrícolas do Sul. Numa nota da Comissão Política, emitida anteontem, lembra-se que «mais de trinta mil trabalhadores, idos dos distritos de Évora, Beja, Portalegre, Setúbal e Santarém, participaram na Conferência e no comício de encerramento».
Para os comunistas, a conferência e as decisões nela tomadas colectivamente, entre as quais se destacava a de avançar para uma «Reforma Agrária que entregue a terra a quem a trabalha», constituíram o «primeiro grande passo» no caminho da construção concreta da Reforma Agrária.
Desta forma se coroava a «difícil, persistente e corajosa luta» levada a cabo durante décadas pelo proletariado agrícola do sul». E que foi, ela mesma, parte integrante do combate mais geral contra a ditadura fascista. Por isso foi violentamente reprimida, com perseguições, prisões e torturas de milhares de trabalhadores, salienta o PCP. Alguns militantes seriam mesmo assassinados, como Alfredo Lima, Catarina Eufémia e José Adelino dos Santos.
Com a Reforma Agrária, acrescenta-se na nota, «tratou-se da decisiva e impetuosa arrancada para a liquidação do latifúndio secular explorador e opressor», que, com as suas herdades que iam dos 1000 aos 10 mil hectares – e em que os 500 maiores proprietários possuíam mais terra do que os 500 mil mais pequenos – fora um «sustentáculo fundamental» do regime fascista e era, após a Revolução, um poderoso sustentáculo da contra-revolução.
Ao contrário da «caricatura» que muitos dela fazem, a Reforma Agrária foi a «resposta necessária à situação entretanto criada», marcada pela sabotagem dos agrários, o abandono das culturas, o incêndio de olivais e searas, a retirada das máquinas, o desemprego e a fome. Tratou-se, isso sim, de «concretizar um programa de transformação económica e de justiça social, necessidade objectiva para a resolução dos problemas da produção e do emprego nos campos do Sul».

A «mais bela conquista» de Abril

Ao assinalar os 35 anos da Reforma Agrária, o PCP «valoriza um processo que, em menos de um ano, mudou a face do Sul do País, com a ocupação e cultivo de mais de 1 milhão de hectares de terras, que aumentou a área cultivada» e incrementou a produção, incorporando-a numa perspectiva de desenvolvimento.
Ao lembrar aquela que ficou conhecida como a «mais bela conquista da Revolução», o PCP destaca o «momento em que, pela primeira vez, na história do nosso país, trabalhadores libertados da exploração tomaram conta da terra, organizaram e dirigiram a produção agrícola e conseguiram a transformação completa das estruturas agrárias». E, com ela, a liquidação do desemprego e a melhoria radical das suas próprias condições de vida.
A Comissão Política do PCP lembra também que a Reforma Agrária só foi vencida pela «ofensiva destruidora e criminosa» iniciada pelo governo de Mário Soares e prosseguida pelos que se lhe seguiram. Uma ofensiva marcada «não apenas pela violação da legalidade, mas também pela ilegalidade assumida como instrumento de acção». Isto ficou bem expresso no assassinato dos comunistas José Geraldo (Caravela) e António Maria Casquinha.
Ao longo do ano, o PCP promoverá diversas iniciativas para assinalar os 35 anos da Reforma Agrária nos campos do Sul. A primeira é uma sessão pública, no dia 17 de Fevereiro, em Montemor-o-Novo, em que participa o Secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa.

Exigência do presente

«No futuro democrático de Portugal, com a luta dos trabalhadores rurais e do povo, a Reforma Agrária nos campos do Sul – com a liquidação do latifúndio e a entrega da terra a quem a trabalhe – é uma necessidade imperativa e incontornável», defende o PCP, na nota emitida anteontem. Para os comunistas, uma nova Reforma Agrária é, «de facto, uma exigência do presente».
Em primeiro lugar, para defender a produção nacional, num tempo marcado por um imenso défice estrutural de bens agro-alimentares» e de «forte abandono dos campos e das produções». A Reforma Agrária, acrescenta o PCP, «será o caminho para agarrar as potencialidades produtivas de milhares de hectares que hoje ou estão a monte ou mal aproveitados».
Mas a Reforma Agrária é também uma exigência para combater a desertificação daqueles campos e da região. Com a perspectiva do desemprego, foram muitos milhares os que abandonaram as suas terras em busca de melhores condições de vida, recordam os comunistas, para quem uma nova Reforma Agrária «criará emprego, abrirá novas perspectivas para a população do Alentejo.»
Também para «garantir a posse nacional daqueles campos e o aproveitamento adequado das capacidades dos solos», a Reforma Agrária é necessária, garante a Comissão Política do PCP. Só assim se poderá utilizar para fins agrícolas as infra-estruturas entretanto conseguidas (sem prejuízo do seu «adequado» aproveitamento energético e turístico) e impedir a transformação da região num «gigantesco campo de golf, nas mãos de capital estrangeiro».
A realização, hoje, de uma nova Reforma Agrária – que «responda às necessidades da produção nacional, ao aproveitamento de recursos, ao objectivo da criação de milhares de postos de trabalho, de emprego com direitos, à soberania e desenvolvimento do País» – constitui um objectivo e uma condição necessária ao progresso, afirma o PCP.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Não adianta dizerem que são Democratas e Socialistas

O Fim da Linha
Mário Crespo
Terça-feira dia 26 de Janeiro. Dia de Orçamento.

O Primeiro-ministro José Sócrates, o Ministro de Estado Pedro Silva Pereira, o Ministro de Assuntos Parlamentares, Jorge Lacão e um executivo de televisão encontraram-se à hora do almoço no restaurante de um hotel em Lisboa.

Fui o epicentro da parte mais colérica de uma conversa claramente ouvida nas mesas em redor. Sem fazerem recato, fui publicamente referenciado como sendo mentalmente débil (“um louco”) a necessitar de (“ir para o manicómio”). Fui descrito como “um profissional impreparado”. Que injustiça. Eu, que dei aulas na Independente. A defunta alma mater de tanto saber em Portugal.

Definiram-me como “um problema” que teria que ter “solução”. Houve, no restaurante, quem ficasse incomodado com a conversa e me tivesse feito chegar um registo. É fidedigno. Confirmei-o.

Uma das minhas fontes para o aval da legitimidade do episódio comentou (por escrito): “(…) o PM tem qualidades e defeitos, entre os quais se inclui uma certa dificuldade para conviver com o jornalismo livre (…)”. É banal um jornalista cair no desagrado do poder. Há um grau de adversariedade que é essencial para fazer funcionar o sistema de colheita, retrato e análise da informação que circula num Estado. Sem essa dialéctica só há monólogos.

Sem esse confronto só há Yes-Men cabeceando em redor de líderes do momento dizendo yes-coisas, seja qual for o absurdo que sejam chamados a validar. Sem contraditório os líderes ficam sem saber quem são, no meio das realidades construídas pelos bajuladores pagos. Isto é mau para qualquer sociedade. Em sociedades saudáveis os contraditórios são tidos em conta. Executivos saudáveis procuram-nos e distanciam-se dos executores acríticos venerandos e obrigados.

Nas comunidades insalubres e nas lideranças decadentes os contraditórios são considerados ofensas, ultrajes e produtos de demência. Os críticos passam a ser “um problema” que exige “solução”. Portugal, com José Sócrates, Pedro Silva Pereira, Jorge Lacão e com o executivo de TV que os ouviu sem contraditar, tornou-se numa sociedade insalubre.

Em 2010 o Primeiro-ministro já não tem tantos “problemas” nos media como tinha em 2009.
O “problema” Manuela Moura Guedes desapareceu.
O problema José Eduardo Moniz foi “solucionado”.
O Jornal de Sexta da TVI passou a ser um jornal à sexta-feira e deixou de ser “um problema”.
Foi-se o “problema” que era o Director do Público.

Agora, que o “problema” Marcelo Rebelo de Sousa começou a ser resolvido na RTP, o Primeiro Ministro de Portugal, o Ministro de Estado e o Ministro dos Assuntos Parlamentares que tem a tutela da comunicação social abordam com um experiente executivo de TV, em dia de Orçamento, mais “um problema que tem que ser solucionado”. Eu.

Que pervertido sentido de Estado. Que perigosa palhaçada.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

domingo, 24 de janeiro de 2010

domingo, 17 de janeiro de 2010

76º Aniversário da Revolta Operária 18 de Janeiro de 1934

A data de 18 de Janeiro de 1934 ficará para sempre ligada à história dos vidreiros, em Portugal. Nesse longínquo dia, um punhado de homens, na maioria operários vidreiros, de armas na mão, lutaram contra um regime que viria a amordaçar o Povo Português durante 48 longos anos.
Para tentar perceber minimamente o que levou esses homens a seguir esse caminho, é preciso ver os antecedentes sociais, económicos e políticos que se viviam em Portugal e, em particular, na Marinha Grande, naquela época.
Com o derrube da Monarquia, em 5 de Outubro de 1910, instalou-se em Portugal uma República, que demorou muito a consolidar-se o que levou ao golpe de Estado de 1926.
Em 1930, uma profunda crise social atingiu a Marinha Grande.
“Década, após década, a história repete-se nesta terra, será sina”!...
Este foi também o ano em que a ditadura, saída do golpe de Estado de 1926, começou a estabilizar e a impor a sua lei.
Os anos 30 e 31 foram particularmente difíceis para quem trabalhava na indústria vidreira. Com o apagar dos fornos, o trabalho escasseava, em consequência a fome atormentava os vidreiros e as suas famílias

Na época, e depois da reorganização do Partido feita por Bento Gonçalves, (Secretário Geral do Partido, até à sua prisão e morte no Tarrafal), há um rápido desenvolvimento do partido com a criação de inúmeras células e comités operários, um pouco à imagem dos comités Bolcheviques.
Entre 9 de Março e 24 de Novembro de 1932 teve lugar a maior e mais longa greve dos operários vidreiros, a greve dos Roldões, como ficou conhecida. Foi um marco histórico do operariado vidreiro. Muitas outras se lhe seguiriam.
O ano de 1933 trouxe a Portugal uma nova conjuntura política: O Estado Novo.
Em 23 de Setembro de 1933, foi o fim dos sindicatos livres e democráticos. Salazar, tendo como base a “Carta del Lavoro” de Benito Mussolini, publicou o decreto 23.048, instituindo o Estatuto do Trabalho Nacional, obrigando os sindicatos democráticos a ser encerrados.
Todos os trabalhadores ficavam obrigados a filiar-se nos sindicatos corporativos.
A direcção do sindicato vidreiro, avisada a tempo, fugiu para Espanha, no início de Novembro, para não ser presa.
No final de Novembro de 1933, a organização de jovens aprendizes da fábrica do Marquês, em resultado de uma greve organizada pela Juventude Comunista, foi presa e encerrada nas masmorras do Governo Civil de Leiria.
O Movimento Insurreccional de 18 de Janeiro de 1934, começou por ser uma tentativa Nacional de luta contra o Estado Novo. Por motivos diversos, e aqui não há consenso entre os historiadores, políticos e todos aqueles que de qualquer forma estudam esta questão, o que se sabe é que houve algumas lutas a nível Nacional, sem grande significado.

Na Marinha Grande, esta luta tomou proporções de Insurreição Armada, isto deveu-se a alguns factores fundamentais. A classe operária vidreira estava bem organizada, tinha sido bem “temperada” ao longo dos anos, nas diversas lutas sociais e económicas.
A fome, a miséria e a falta de liberdade, são as condições fundamentais para o início de qualquer revolução, em qualquer parte do Mundo.
Embora nem todos os participantes no movimento do 18 de Janeiro fossem militantes do Partido Comunista Português, é verdade que o movimento foi organizado e dirigido pelo Partido. Por muitos documentos da época este facto é indesmentível. Para a História ficou o fracasso da revolta, mas durante algumas horas, na Marinha Grande, o poder esteve nas mãos dos operários vidreiros.
As forças repressivas conseguiram dominar a insurreição, foram feitas dezenas de prisões, a maioria dos presos foram deportados para o campo de concentração do Tarrafal.
Nas comemorações do 18 de Janeiro de 1934 realizadas em 2008, o Município da Marinha Grande, fez a germinação com o Município do Tarrafal, Cabo Verde, como homenagem aos dois marinhenses que foram assassinados no campo de concentração.

Dos 152 antifascistas que foram inaugurar o Campo de Morte Lenta, assim ficou conhecido, 57 eram membros do movimento do 18 de Janeiro.
António Guerra e Augusto Costa foram dois, dos trinta e dois antifascistas assassinados no Tarrafal. Para além destes dois, foram também assassinados Manuel Carvalho, que faleceu no Hospital de Leiria e Francisco Cruz que faleceu na prisão de Angra do Heroísmo.

A sua coragem, determinação e generosidade permaneceram na memória colectiva desta terra.
Este legado conquistou para a causa da liberdade e da democracia imensas gerações de jovens marinhenses, onde com imenso orgulho me incluo, sendo eu um filho adoptivo desta terra.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Sem Titulo

Por coincidência, no momento em que os Estados Unidos e os seus aliados da NATO preparam uma conferência para prosseguir a chamada guerra contra o terrorismo no Afeganistão, um nigeriano bem conhecido da CIA e da embaixada norte-americana no Iémen pôs em pânico no dia de Natal o mundo ocidental. Há em toda esta história a sensação de estarmos a rever um filme antigo e bem conhecido. Como já é habitual, também desta vez os serviços secretos estavam informados da existência e do plano do agente bombista através da embaixada dos EUA no Iémen. A sua identidade e curriculum foram imediatamente divulgados. Um homem solitário vindo do deserto e das cavernas do Iémen acaba por vencer a tecnologia sofisticada da maior potência mundial e ludibriar os serviços secretos mais poderosos do mundo. Quando se trata de arranjar argumentos para atacar este ou aquele país soberano, a CIA e o Pentágono sabem tudo. Mas nos momentos «apropriados» sempre «falham» todos os mecanismos de segurança.

Compreendendo a importância da encomenda, a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, considerou que a «instabilidade» no Iémen é uma ameaça «regional e mesmo mundial» enquanto o primeiro-ministro britânico Gordon Brown convocou precisamente para o dia 28 de Janeiro, altura em que os Estados Unidos e a NATO irão decidir a intensificação da agressão contra o Afeganistão, um encontro sobre «o combate ao terrorismo» no Iémen. O calendário é demasiado perfeito para que tudo isto seja verdade.
Está cada vez mais claro porque é que Obama e os sectores da oligarquia que o apoiam procuram manter e reforçar a estratégia da chamada «guerra contra o terrorismo». Uma estratégia muito mais abrangente e perigosa do que a da «guerra humanitária». «Terroristas» podem em princípio esconder-se em qualquer país, em qualquer lugar, bramir ameaças indefinidas e de difícil comprovação, mas facilmente apresentadas como perigos eminentes pelos serviços secretos, os média e os comandos da NATO.

O teólogo alemão, Eugen Drewemann, constata numa intervenção pela paz que «a guerra contra o terrorismo consolida o terror. Sob o manto da propagação da democracia, instala-se a ditadura. Esta espécie de humanismo só gera desumanidade (…). Eu oiço que os nossos jovens soldados são cidadãos em uniforme. Mas a guerra transforma-os em seres da idade da pedra na era atómica, faz deles monstros, cães de caça à espera da ordem para serem largados» (Junge Welt, 08.05.07).
Se o objectivo de Obama fosse de facto pôr fim ao terrorismo deveria começar por explicar ao povo norte-americano porque é que o Congresso aprovou 400 milhões de dólares destinados a operações visando o desmembramento do Irão. Deveria explicar porque é que o grupo sunita «soldados de deus» (Dschundallah) que tem executado numerosos atentados na região fronteiriça com o Afeganistão se encontra na lista de financiamento da CIA, como outrora os talibãs. Benazir Butho, ex-primeira-ministra do Paquistão, assassinada em Dezembro de 2007, revelou que «a ideia dos Talibãs era inglesa, a gestão norte-americana, o financiamento saudita e a organização paquistanesa» (Le Monde, 30.10.2001).
Se Obama desejasse sinceramente combater o terrorismo e as sua causas não precisaria de agredir outros países nem massacrar mais povos. Bastar-lhe-ia começar por investigar na sua própria casa as actividades dos seus antecessores, da CIA e do Pentágono.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010