quarta-feira, 27 de janeiro de 2010
domingo, 24 de janeiro de 2010
domingo, 17 de janeiro de 2010
76º Aniversário da Revolta Operária 18 de Janeiro de 1934
A data de 18 de Janeiro de 1934 ficará para sempre ligada à história dos vidreiros,
Para tentar perceber minimamente o que levou esses homens a seguir esse caminho, é preciso ver os antecedentes sociais, económicos e políticos que se viviam em Portugal e, em particular, na Marinha Grande, naquela época.
Com o derrube da Monarquia, em 5 de Outubro de 1910, instalou-se em Portugal uma República, que demorou muito a consolidar-se o que levou ao golpe de Estado de 1926.
Em 1930, uma profunda crise social atingiu a Marinha Grande.
“Década, após década, a história repete-se nesta terra, será sina”!...
Este foi também o ano em que a ditadura, saída do golpe de Estado de 1926, começou a estabilizar e a impor a sua lei.
Os anos 30 e 31 foram particularmente difíceis para quem trabalhava na indústria vidreira. Com o apagar dos fornos, o trabalho escasseava, em consequência a fome atormentava os vidreiros e as suas famílias
Na época, e depois da reorganização do Partido feita por Bento Gonçalves, (Secretário Geral do Partido, até à sua prisão e morte no Tarrafal), há um rápido desenvolvimento do partido com a criação de inúmeras células e comités operários, um pouco à imagem dos comités Bolcheviques.
Entre 9 de Março e 24 de Novembro de 1932 teve lugar a maior e mais longa greve dos operários vidreiros, a greve dos Roldões, como ficou conhecida. Foi um marco histórico do operariado vidreiro. Muitas outras se lhe seguiriam.
O ano de 1933 trouxe a Portugal uma nova conjuntura política: O Estado Novo.
Em 23 de Setembro de 1933, foi o fim dos sindicatos livres e democráticos. Salazar, tendo como base a “Carta del Lavoro” de Benito Mussolini, publicou o decreto 23.048, instituindo o Estatuto do Trabalho Nacional, obrigando os sindicatos democráticos a ser encerrados.
Todos os trabalhadores ficavam obrigados a filiar-se nos sindicatos corporativos.
A direcção do sindicato vidreiro, avisada a tempo, fugiu para Espanha, no início de Novembro, para não ser presa.
No final de Novembro de
O Movimento Insurreccional de 18 de Janeiro de 1934, começou por ser uma tentativa Nacional de luta contra o Estado Novo. Por motivos diversos, e aqui não há consenso entre os historiadores, políticos e todos aqueles que de qualquer forma estudam esta questão, o que se sabe é que houve algumas lutas a nível Nacional, sem grande significado.
Na Marinha Grande, esta luta tomou proporções de Insurreição Armada, isto deveu-se a alguns factores fundamentais. A classe operária vidreira estava bem organizada, tinha sido bem “temperada” ao longo dos anos, nas diversas lutas sociais e económicas.
A fome, a miséria e a falta de liberdade, são as condições fundamentais para o início de qualquer revolução, em qualquer parte do Mundo.
Embora nem todos os participantes no movimento do 18 de Janeiro fossem militantes do Partido Comunista Português, é verdade que o movimento foi organizado e dirigido pelo Partido. Por muitos documentos da época este facto é indesmentível. Para a História ficou o fracasso da revolta, mas durante algumas horas, na Marinha Grande, o poder esteve nas mãos dos operários vidreiros.
As forças repressivas conseguiram dominar a insurreição, foram feitas dezenas de prisões, a maioria dos presos foram deportados para o campo de concentração do Tarrafal.
Nas comemorações do 18 de Janeiro de 1934 realizadas em 2008, o Município da Marinha Grande, fez a germinação com o Município do Tarrafal, Cabo Verde, como homenagem aos dois marinhenses que foram assassinados no campo de concentração.
Dos 152 antifascistas que foram inaugurar o Campo de Morte Lenta, assim ficou conhecido, 57 eram membros do movimento do 18 de Janeiro.
António Guerra e Augusto Costa foram dois, dos trinta e dois antifascistas assassinados no Tarrafal. Para além destes dois, foram também assassinados Manuel Carvalho, que faleceu no Hospital de Leiria e Francisco Cruz que faleceu na prisão de Angra do Heroísmo.
A sua coragem, determinação e generosidade permaneceram na memória colectiva desta terra.
Este legado conquistou para a causa da liberdade e da democracia imensas gerações de jovens marinhenses, onde com imenso orgulho me incluo, sendo eu um filho adoptivo desta terra.
quinta-feira, 14 de janeiro de 2010
Sem Titulo
Por coincidência, no momento em que os Estados Unidos e os seus aliados da NATO preparam uma conferência para prosseguir a chamada guerra contra o terrorismo no Afeganistão, um nigeriano bem conhecido da CIA e da embaixada norte-americana no Iémen pôs em pânico no dia de Natal o mundo ocidental. Há em toda esta história a sensação de estarmos a rever um filme antigo e bem conhecido. Como já é habitual, também desta vez os serviços secretos estavam informados da existência e do plano do agente bombista através da embaixada dos EUA no Iémen. A sua identidade e curriculum foram imediatamente divulgados. Um homem solitário vindo do deserto e das cavernas do Iémen acaba por vencer a tecnologia sofisticada da maior potência mundial e ludibriar os serviços secretos mais poderosos do mundo. Quando se trata de arranjar argumentos para atacar este ou aquele país soberano, a CIA e o Pentágono sabem tudo. Mas nos momentos «apropriados» sempre «falham» todos os mecanismos de segurança.
Compreendendo a importância da encomenda, a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, considerou que a «instabilidade» no Iémen é uma ameaça «regional e mesmo mundial» enquanto o primeiro-ministro britânico Gordon Brown convocou precisamente para o dia 28 de Janeiro, altura em que os Estados Unidos e a NATO irão decidir a intensificação da agressão contra o Afeganistão, um encontro sobre «o combate ao terrorismo» no Iémen. O calendário é demasiado perfeito para que tudo isto seja verdade.
Está cada vez mais claro porque é que Obama e os sectores da oligarquia que o apoiam procuram manter e reforçar a estratégia da chamada «guerra contra o terrorismo». Uma estratégia muito mais abrangente e perigosa do que a da «guerra humanitária». «Terroristas» podem em princípio esconder-se em qualquer país, em qualquer lugar, bramir ameaças indefinidas e de difícil comprovação, mas facilmente apresentadas como perigos eminentes pelos serviços secretos, os média e os comandos da NATO.
O teólogo alemão, Eugen Drewemann, constata numa intervenção pela paz que «a guerra contra o terrorismo consolida o terror. Sob o manto da propagação da democracia, instala-se a ditadura. Esta espécie de humanismo só gera desumanidade (…). Eu oiço que os nossos jovens soldados são cidadãos em uniforme. Mas a guerra transforma-os em seres da idade da pedra na era atómica, faz deles monstros, cães de caça à espera da ordem para serem largados» (Junge Welt, 08.05.07).
Se o objectivo de Obama fosse de facto pôr fim ao terrorismo deveria começar por explicar ao povo norte-americano porque é que o Congresso aprovou 400 milhões de dólares destinados a operações visando o desmembramento do Irão. Deveria explicar porque é que o grupo sunita «soldados de deus» (Dschundallah) que tem executado numerosos atentados na região fronteiriça com o Afeganistão se encontra na lista de financiamento da CIA, como outrora os talibãs. Benazir Butho, ex-primeira-ministra do Paquistão, assassinada em Dezembro de 2007, revelou que «a ideia dos Talibãs era inglesa, a gestão norte-americana, o financiamento saudita e a organização paquistanesa» (Le Monde, 30.10.2001).
Se Obama desejasse sinceramente combater o terrorismo e as sua causas não precisaria de agredir outros países nem massacrar mais povos. Bastar-lhe-ia começar por investigar na sua própria casa as actividades dos seus antecessores, da CIA e do Pentágono.