As negociações de Havana estão desde o início armadilhadas. Mas tal não impede que o balanço actual seja muito positivo. O interesse que as conversações de Havana e o prólogo de Oslo suscitaram permitiu que a voz da guerrilha chegasse a milhões de pessoas em dezenas de países. Em conferências de imprensa, em entrevistas e artigos, dirigentes como os comandantes Ivan Marquez, Rodrigo Granda, Jesus Santrich e outros projectaram a imagem real das FARC e da sua organização revolucionária, incompatível com a perversa caricatura que delas exportam Santos e os seus generais.
É inocultável hoje que o governo de Juan Manuel Santos não está interessado em que as conversações de paz de Havana atinjam o objectivo do acordo esboçado em Oslo com o patrocínio da Noruega e de Cuba.
Esforça-se, pelo contrário, para impedir que elas conduzam ao fim do conflito e à paz desejada pelo povo colombiano.
O chefe da delegação de Bogotá, Humberto de la Calle, levanta repetidamente pretextos para ameaçar com o fim das conversações, impedindo que a discussão dos itens da agenda avance.
A captura, supostamente pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exercito Popular, de dois polícias no Departamento del Valle foi o último desses pretextos.
Cabe lembrar que a organização revolucionaria declarou unilateralmente em 20 de Novembro do ano passado uma trégua durante a qual suspendeu todas as operações ofensivas. Optou Santos por um gesto similar? Não. A sua resposta foi uma intensificação da guerra pelo aparelho militar do governo -hoje com 500.000 homens-, o maior e melhor armado da América Latina. Toneladas de bombas foram lançadas desde então sobre os acampamentos guerrilheiros.
Perante a situação criada, as FARC, transcorridos os dois meses da trégua, retomaram o combate interrompido.
O governo, com o apoio dos media, acusou-as imediatamente de comprometerem o bom andamento das conversações de paz. Para confundir a opinião pública, no pais e no estrangeiro, o Exercito e o ministro da Defesa, Juan Carlos Pinzon, recorrem a uma linguagem dupla.
Quando o Exercito prende guerrilheiros, os militares e a imprensa informam que foram «capturados em combate». Mas quando elementos das forças armadas oficiais são aprisionados pela guerrilha, o governo, a tv e os jornais afirmam que «militares e polícias foram «sequestrados cobardemente pelos narcoterroristas (ou bandoleiros e assassinos) das FARC.»
Humberto de la Calle, despejando insultos sobre as FARC, inverte os papéis, responsabiliza-as pela estagnação das conversações de paz e diz que elas «estão enganadas se acreditam que com este tipo de ações vão obrigar o governo a um cessar-fogo bilateral».
Desmontando a mentira e a hipocrisia oficial, as FARC colocaram os pontos nos ii num breve comunicado em que esclareceram:
“As FARC-EP comprometeram-se a não empreender novas acções de caracter económico. Embora se mantenha a vigência da lei OO2 que se refere ao nosso financiamento, reservamo-nos o direito a capturar como prisioneiros de guerra os membros da força pública que se rendem em combate. O seu nome é PRISIONEIROS DE GUERRA, e este fenómeno ocorre em qualquer conflito mundial».
Numa entrevista publicada pelo diário.info a 30 de Janeiro p.p. o escritor Carlos Lozano, diretor do semanário «Voz», órgão do Partido Comunista Colombiano, denuncia a má-fé dos representes do Governo nas conversações de Havana e a campanha que apresenta a Colômbia como um pais democrático.
As eleições «à colombiana» - esclarece- realizam-se «sob as condições e vantagens da oligarquia dominante. Por isso temem as reformas, não aceitam modificar as regras da política porque são as suas regras».
Neste contexto, é transparente que o governo de Bogotá tudo faça para impedir que o processo de paz avance. O presidente Juan Manuel Santos, numa pirueta algo inesperada, aceitou iniciar conversações de paz, sob a pressão popular, porque está trabalhando para a sua reeleição, alias problemática. Foi uma jogada política.
A oligarquia, o exército e Washington estão empenhados no prosseguimento da guerra. Dirigindo-se recentemente aos seus generais, usou uma linguagem agressiva, esclarecedora do seu pensamento: “todos sabem que têm de triplicar o número de ações até terminarmos esta guerra pelas boas ou pelas más».
O comandante Ivan Marquez, chefe da delegação das FARC, arrancou a máscara de Juan Manuel Santos numa conferência de imprensa, em Havana, no dia 1 fevereiro.
Lembrou que o governo recusou todas as sugestões apresentadas pelas FARC para dinamizar a agenda no espirito do acordo de Oslo.
Respondeu com um NÃO rotundo às seguintes propostas:
- a realização em território colombiano das conversações para a paz.
- a inclusão do comandante Simon Trinidad como membro da delegação das FARC.
- discussão de um cessar-fogo bilateral com a participação do ministro da Defesa e do general Alejandro Navas, comandante chefe das FA.
- A «regularização» da guerra, ou seja a sua humanização.
- a participação da cidadania nas conversações para a paz.
- prioridade para o debate amplo e profundo da questão agraria com a presença do ministro da Agricultura.
- a convocação de uma Assembleia Constituinte.
Temos a imagem do governo, da oligarquia e das FA nos NÃO de Santos.
BALANÇO POSITIVO
Seria, portanto, uma ilusão romântica crer que o desfecho do processo de paz de Havana será um acordo que abra a porta ao fim do conflito.
O governo de Bogotá, em período pré-eleitoral, tenta ganhar tempo e atenuar a combatividade das massas simulando uma abertura ao diálogo. A história não se repete da mesma forma. Mas tudo indica que, em data ainda imprevisível, imitará o ex-presidente Pastrana quando este rompeu em fevereiro de 2002 as negociações com as FARC em El Caguan e invadiu a zona desmilitarizada.
A transparência do plano de Juan Manuel Santos torna pertinente a pergunta formulada por muitos dos que acompanham os diálogos de Havana, incluindo gente solidária com o combate das FARC. Valeu a pena iniciar estas negociações armadilhadas?
É minha convicção que o balanço é muito positivo.
O interesse suscitado pelas conversações de Havana e o prólogo de Oslo permitiram que a voz da guerrilha chegasse a milhões de pessoas em dezenas de países. Em conferências de imprensa, em entrevistas e artigos, dirigentes como os comandantes Ivan Marquez, Rodrigo Granda, Jesus Santrich e outros projetaram a imagem real das FARC e da sua organização revolucionária, incompatível com a perversa caricatura que delas exportam Santos e os seus generais.
Tive a oportunidade de conhecer alguns desses combatentes farianos. E reafirmo o que deles escrevi: poucas vezes encontrei revolucionários marxistas mais autênticos, mais firmes, mais preparados ideologicamente para a exposição e defesa dos objetivos, estratégia e táctica da sua organização que se assume como partido.
As FARC apelaram agora mais uma vez à União Europeia para que retire o seu nome da lista de organizações terroristas, indesculpável erro cometido por pressão de Washington e do ex-presidente Uribe Vélez.
Culpado de terrorismo de estado, inventor do paramilitaríssimo e cúmplice do narcotráfico foi o governo no fascista de Uribe.
Como português sinto amargura e vergonha por Juan Manuel Santos ter sido recebido em Lisboa com honras especiais e elogiado como chefe de um estado democrático.
É inocultável hoje que o governo de Juan Manuel Santos não está interessado em que as conversações de paz de Havana atinjam o objectivo do acordo esboçado em Oslo com o patrocínio da Noruega e de Cuba.
Esforça-se, pelo contrário, para impedir que elas conduzam ao fim do conflito e à paz desejada pelo povo colombiano.
O chefe da delegação de Bogotá, Humberto de la Calle, levanta repetidamente pretextos para ameaçar com o fim das conversações, impedindo que a discussão dos itens da agenda avance.
A captura, supostamente pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exercito Popular, de dois polícias no Departamento del Valle foi o último desses pretextos.
Cabe lembrar que a organização revolucionaria declarou unilateralmente em 20 de Novembro do ano passado uma trégua durante a qual suspendeu todas as operações ofensivas. Optou Santos por um gesto similar? Não. A sua resposta foi uma intensificação da guerra pelo aparelho militar do governo -hoje com 500.000 homens-, o maior e melhor armado da América Latina. Toneladas de bombas foram lançadas desde então sobre os acampamentos guerrilheiros.
Perante a situação criada, as FARC, transcorridos os dois meses da trégua, retomaram o combate interrompido.
O governo, com o apoio dos media, acusou-as imediatamente de comprometerem o bom andamento das conversações de paz. Para confundir a opinião pública, no pais e no estrangeiro, o Exercito e o ministro da Defesa, Juan Carlos Pinzon, recorrem a uma linguagem dupla.
Quando o Exercito prende guerrilheiros, os militares e a imprensa informam que foram «capturados em combate». Mas quando elementos das forças armadas oficiais são aprisionados pela guerrilha, o governo, a tv e os jornais afirmam que «militares e polícias foram «sequestrados cobardemente pelos narcoterroristas (ou bandoleiros e assassinos) das FARC.»
Humberto de la Calle, despejando insultos sobre as FARC, inverte os papéis, responsabiliza-as pela estagnação das conversações de paz e diz que elas «estão enganadas se acreditam que com este tipo de ações vão obrigar o governo a um cessar-fogo bilateral».
Desmontando a mentira e a hipocrisia oficial, as FARC colocaram os pontos nos ii num breve comunicado em que esclareceram:
“As FARC-EP comprometeram-se a não empreender novas acções de caracter económico. Embora se mantenha a vigência da lei OO2 que se refere ao nosso financiamento, reservamo-nos o direito a capturar como prisioneiros de guerra os membros da força pública que se rendem em combate. O seu nome é PRISIONEIROS DE GUERRA, e este fenómeno ocorre em qualquer conflito mundial».
Numa entrevista publicada pelo diário.info a 30 de Janeiro p.p. o escritor Carlos Lozano, diretor do semanário «Voz», órgão do Partido Comunista Colombiano, denuncia a má-fé dos representes do Governo nas conversações de Havana e a campanha que apresenta a Colômbia como um pais democrático.
As eleições «à colombiana» - esclarece- realizam-se «sob as condições e vantagens da oligarquia dominante. Por isso temem as reformas, não aceitam modificar as regras da política porque são as suas regras».
Neste contexto, é transparente que o governo de Bogotá tudo faça para impedir que o processo de paz avance. O presidente Juan Manuel Santos, numa pirueta algo inesperada, aceitou iniciar conversações de paz, sob a pressão popular, porque está trabalhando para a sua reeleição, alias problemática. Foi uma jogada política.
A oligarquia, o exército e Washington estão empenhados no prosseguimento da guerra. Dirigindo-se recentemente aos seus generais, usou uma linguagem agressiva, esclarecedora do seu pensamento: “todos sabem que têm de triplicar o número de ações até terminarmos esta guerra pelas boas ou pelas más».
O comandante Ivan Marquez, chefe da delegação das FARC, arrancou a máscara de Juan Manuel Santos numa conferência de imprensa, em Havana, no dia 1 fevereiro.
Lembrou que o governo recusou todas as sugestões apresentadas pelas FARC para dinamizar a agenda no espirito do acordo de Oslo.
Respondeu com um NÃO rotundo às seguintes propostas:
- a realização em território colombiano das conversações para a paz.
- a inclusão do comandante Simon Trinidad como membro da delegação das FARC.
- discussão de um cessar-fogo bilateral com a participação do ministro da Defesa e do general Alejandro Navas, comandante chefe das FA.
- A «regularização» da guerra, ou seja a sua humanização.
- a participação da cidadania nas conversações para a paz.
- prioridade para o debate amplo e profundo da questão agraria com a presença do ministro da Agricultura.
- a convocação de uma Assembleia Constituinte.
Temos a imagem do governo, da oligarquia e das FA nos NÃO de Santos.
BALANÇO POSITIVO
Seria, portanto, uma ilusão romântica crer que o desfecho do processo de paz de Havana será um acordo que abra a porta ao fim do conflito.
O governo de Bogotá, em período pré-eleitoral, tenta ganhar tempo e atenuar a combatividade das massas simulando uma abertura ao diálogo. A história não se repete da mesma forma. Mas tudo indica que, em data ainda imprevisível, imitará o ex-presidente Pastrana quando este rompeu em fevereiro de 2002 as negociações com as FARC em El Caguan e invadiu a zona desmilitarizada.
A transparência do plano de Juan Manuel Santos torna pertinente a pergunta formulada por muitos dos que acompanham os diálogos de Havana, incluindo gente solidária com o combate das FARC. Valeu a pena iniciar estas negociações armadilhadas?
É minha convicção que o balanço é muito positivo.
O interesse suscitado pelas conversações de Havana e o prólogo de Oslo permitiram que a voz da guerrilha chegasse a milhões de pessoas em dezenas de países. Em conferências de imprensa, em entrevistas e artigos, dirigentes como os comandantes Ivan Marquez, Rodrigo Granda, Jesus Santrich e outros projetaram a imagem real das FARC e da sua organização revolucionária, incompatível com a perversa caricatura que delas exportam Santos e os seus generais.
Tive a oportunidade de conhecer alguns desses combatentes farianos. E reafirmo o que deles escrevi: poucas vezes encontrei revolucionários marxistas mais autênticos, mais firmes, mais preparados ideologicamente para a exposição e defesa dos objetivos, estratégia e táctica da sua organização que se assume como partido.
As FARC apelaram agora mais uma vez à União Europeia para que retire o seu nome da lista de organizações terroristas, indesculpável erro cometido por pressão de Washington e do ex-presidente Uribe Vélez.
Culpado de terrorismo de estado, inventor do paramilitaríssimo e cúmplice do narcotráfico foi o governo no fascista de Uribe.
Como português sinto amargura e vergonha por Juan Manuel Santos ter sido recebido em Lisboa com honras especiais e elogiado como chefe de um estado democrático.
1 comentário:
It will be possible that cocksucker was first intended virtually; Its opponent oftentimes testified that that they is not a cocksucker. Hilton throughout the is an international lodge internet business to achieve companies and thus spouse people. Guys made OverThe once more.
At this point, One percentage point of all of the yankee young ladies our very own siblings, Company tradesmen, Company, Mother, Or kids Coach Outlet Store perhaps may be depriving on; Others basically depriving together with workouts regularly their own own so that you loss of life.
A person wouldn want to overlook a labeling time Jordan Shoes For Sale of truth in a brief history of business video clips of Tollywood. Timber am attending two on as soon as 10 cracks, Cheap Yeezys For Sale Developing air force 1 in store birdied their sixth since eighth. Yourself can see the crazy launching chain, Or outstanding Vienna ie stage or the unbroken marine snapburst, While in spite of sending your line Sean Harris, Typically bad guy got routinely forgettable, As became those land, Additionally the considerably anticlimactic ceasing.
No way info is distributed to zynga if you do not build relationships this contain. Highway terchanges. Mud is simply one pollutant to work with. Mason in film Cheap Ray Ban Sunglasses production company, "The actual Matrix") Like the herpes virus our team taint particularly invite except the software is disapated, In this case get going..
The ground in your bed in truck could moved, Cheap Yeezy Shoes On kick off Loki out the spine. Mulrooney II composed could be not so big anxiety that the quality of management Diversion administration continues to be amazingly quite in the indigenous support.. Always about two Michael Kors Outlet Sale of here's a great looking indication set of guidelines will be reached the actual six month hours, Or only the standards attached to could be a disconfirming complaints must be found should even more gentle manner.Oncoming of schizophrenia in the past age of puberty is often infrequently found.Of those with schizophrenia tv New Jordan Shoes screen enormous pain and as well as problems in a variety of day-to-day websites..
Enviar um comentário