quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

As FARC-EP em Havana - a verdade e a mentira sobre uma guerrilha heróica

As negociações de Havana estão desde o início armadilhadas. Mas tal não impede que o balanço actual seja muito positivo. O interesse que as conversações de Havana e o prólogo de Oslo suscitaram permitiu que a voz da guerrilha chegasse a milhões de pessoas em dezenas de países. Em conferências de imprensa, em entrevistas e artigos, dirigentes como os comandantes Ivan Marquez, Rodrigo Granda, Jesus Santrich e outros projectaram a imagem real das FARC e da sua organização revolucionária, incompatível com a perversa caricatura que delas exportam Santos e os seus generais.
É inocultável hoje que o governo de Juan Manuel Santos não está interessado em que as conversações de paz de Havana atinjam o objectivo do acordo esboçado em Oslo com o patrocínio da Noruega e de Cuba.
Esforça-se, pelo contrário, para impedir que elas conduzam ao fim do conflito e à paz desejada pelo povo colombiano.
O chefe da delegação de Bogotá, Humberto de la Calle, levanta repetidamente pretextos para ameaçar com o fim das conversações, impedindo que a discussão dos itens da agenda avance.
A captura, supostamente pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exercito Popular, de dois polícias no Departamento del Valle foi o último desses pretextos.
Cabe lembrar que a organização revolucionaria declarou unilateralmente em 20 de Novembro do ano passado uma trégua durante a qual suspendeu todas as operações ofensivas. Optou Santos por um gesto similar? Não. A sua resposta foi uma intensificação da guerra pelo aparelho militar do governo -hoje com 500.000 homens-, o maior e melhor armado da América Latina. Toneladas de bombas foram lançadas desde então sobre os acampamentos guerrilheiros.
Perante a situação criada, as FARC, transcorridos os dois meses da trégua, retomaram o combate interrompido.
O governo, com o apoio dos media, acusou-as imediatamente de comprometerem o bom andamento das conversações de paz. Para confundir a opinião pública, no pais e no estrangeiro, o Exercito e o ministro da Defesa, Juan Carlos Pinzon, recorrem a uma linguagem dupla.
Quando o Exercito prende guerrilheiros, os militares e a imprensa informam que foram «capturados em combate». Mas quando elementos das forças armadas oficiais são aprisionados pela guerrilha, o governo, a tv e os jornais afirmam que «militares e polícias foram «sequestrados cobardemente pelos narcoterroristas (ou bandoleiros e assassinos) das FARC.»
Humberto de la Calle, despejando insultos sobre as FARC, inverte os papéis, responsabiliza-as pela estagnação das conversações de paz e diz que elas «estão enganadas se acreditam que com este tipo de ações vão obrigar o governo a um cessar-fogo bilateral».
Desmontando a mentira e a hipocrisia oficial, as FARC colocaram os pontos nos ii num breve comunicado em que esclareceram:
“As FARC-EP comprometeram-se a não empreender novas acções de caracter económico. Embora se mantenha a vigência da lei OO2 que se refere ao nosso financiamento, reservamo-nos o direito a capturar como prisioneiros de guerra os membros da força pública que se rendem em combate. O seu nome é PRISIONEIROS DE GUERRA, e este fenómeno ocorre em qualquer conflito mundial».
Numa entrevista publicada pelo diário.info a 30 de Janeiro p.p. o escritor Carlos Lozano, diretor do semanário «Voz», órgão do Partido Comunista Colombiano, denuncia a má-fé dos representes do Governo nas conversações de Havana e a campanha que apresenta a Colômbia como um pais democrático.
As eleições «à colombiana» - esclarece- realizam-se «sob as condições e vantagens da oligarquia dominante. Por isso temem as reformas, não aceitam modificar as regras da política porque são as suas regras».
Neste contexto, é transparente que o governo de Bogotá tudo faça para impedir que o processo de paz avance. O presidente Juan Manuel Santos, numa pirueta algo inesperada, aceitou iniciar conversações de paz, sob a pressão popular, porque está trabalhando para a sua reeleição, alias problemática. Foi uma jogada política.
A oligarquia, o exército e Washington estão empenhados no prosseguimento da guerra. Dirigindo-se recentemente aos seus generais, usou uma linguagem agressiva, esclarecedora do seu pensamento: “todos sabem que têm de triplicar o número de ações até terminarmos esta guerra pelas boas ou pelas más».
O comandante Ivan Marquez, chefe da delegação das FARC, arrancou a máscara de Juan Manuel Santos numa conferência de imprensa, em Havana, no dia 1 fevereiro.
Lembrou que o governo recusou todas as sugestões apresentadas pelas FARC para dinamizar a agenda no espirito do acordo de Oslo.
Respondeu com um NÃO rotundo às seguintes propostas:
- a realização em território colombiano das conversações para a paz.
- a inclusão do comandante Simon Trinidad como membro da delegação das FARC.
- discussão de um cessar-fogo bilateral com a participação do ministro da Defesa e do general Alejandro Navas, comandante chefe das FA.
- A «regularização» da guerra, ou seja a sua humanização.
- a participação da cidadania nas conversações para a paz.
- prioridade para o debate amplo e profundo da questão agraria com a presença do ministro da Agricultura.
- a convocação de uma Assembleia Constituinte.
Temos a imagem do governo, da oligarquia e das FA nos NÃO de Santos.
BALANÇO POSITIVO
Seria, portanto, uma ilusão romântica crer que o desfecho do processo de paz de Havana será um acordo que abra a porta ao fim do conflito.
O governo de Bogotá, em período pré-eleitoral, tenta ganhar tempo e atenuar a combatividade das massas simulando uma abertura ao diálogo. A história não se repete da mesma forma. Mas tudo indica que, em data ainda imprevisível, imitará o ex-presidente Pastrana quando este rompeu em fevereiro de 2002 as negociações com as FARC em El Caguan e invadiu a zona desmilitarizada.
A transparência do plano de Juan Manuel Santos torna pertinente a pergunta formulada por muitos dos que acompanham os diálogos de Havana, incluindo gente solidária com o combate das FARC. Valeu a pena iniciar estas negociações armadilhadas?
É minha convicção que o balanço é muito positivo.
O interesse suscitado pelas conversações de Havana e o prólogo de Oslo permitiram que a voz da guerrilha chegasse a milhões de pessoas em dezenas de países. Em conferências de imprensa, em entrevistas e artigos, dirigentes como os comandantes Ivan Marquez, Rodrigo Granda, Jesus Santrich e outros projetaram a imagem real das FARC e da sua organização revolucionária, incompatível com a perversa caricatura que delas exportam Santos e os seus generais.
Tive a oportunidade de conhecer alguns desses combatentes farianos. E reafirmo o que deles escrevi: poucas vezes encontrei revolucionários marxistas mais autênticos, mais firmes, mais preparados ideologicamente para a exposição e defesa dos objetivos, estratégia e táctica da sua organização que se assume como partido.
As FARC apelaram agora mais uma vez à União Europeia para que retire o seu nome da lista de organizações terroristas, indesculpável erro cometido por pressão de Washington e do ex-presidente Uribe Vélez.
Culpado de terrorismo de estado, inventor do paramilitaríssimo e cúmplice do narcotráfico foi o governo no fascista de Uribe.
Como português sinto amargura e vergonha por Juan Manuel Santos ter sido recebido em Lisboa com honras especiais e elogiado como chefe de um estado democrático.

1 comentário:

Anónimo disse...

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